quarta-feira, 1 de maio de 2013

Vegan Conscience and Black Consciousness

Quando pensei no nome para este blog veio-me à ideia a Black Consciousness, o movimento de jovens cultos, ativistas e apaixonados que se levantaram contra o Apartheid na África do Sul nos anos sessenta do século passado. Preferi, no entanto, a palavra conscience a consciousness, por significar mais exatamente uma dimensão moral.
 
A relação de ideias é facilmente explicável, a começar no enorme paradoxo de onde a Black Consciousness partiu: uma necessidade de estruturação concetual, intelectual, de grande disseminação, de um princípio mais translúcido que a mais fina água. Todas as pessoas, independentemente da sua cor, devem ser alvo de igual tratamento, sendo possuidoras da mesma dignidade e, portanto, da mesma dimensão humana. Vulgo: os pretos não são animais nem almas espúrias, não têm de entrar por portas diferentes, merecem as mesmas oportunidades e o respeito fundamental atribuído a todos os homens. Óbvio que dói. Mas por isto lutou e sofreu Mandela, lutou e morreu Biko, e tantos outros.
 
A consciência vegan formula-se no mesmo espectro de perplexidade, por um lado, e necessidade de clarificar, por outro. Os animais não são coisas. Não são comida. As suas secreções não são bebida. Os animais não são para amontoar, prender, amassar, esmagar vivos, arrancar dentes a sangue frio, matar com um tiro sumário na cabeça para se lhes consumir a carne, fazer chorar dias a fio ao separá-los dos filhotes, encurtar-lhes 60, 80, 90% da vida para um usufruto sem qualquer utilidade válida. Os animais são seres vivos, têm sistema nervoso central - ao contrário dos vegetais, para as alminhas a quem confunda o arrepio do trigo - , e são donos de uma coisa tão importante, tão complexa, tão ingente, que por agora ficamos só com o seu nome:

 
senciência.

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